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Proposta:

O modelo médico moderno baseia-se na divisão cartesiana corpo e alma, a qual compreende o corpo como uma máquina, cujo funcionamento independe de um psiquismo. Esse modelo médico organicista compreende a doença a partir de uma lesão/alteração orgânica, que passou a níveis cada vez menores, como o celular, aumentando cada vez mais a distância entre médico e paciente. Foi ainda no século XIX, com esse modelo médico, que fenômenos como a Histeria e a Esquizofrenia, por exemplo, não encontram lugar na Medicina Moderna e nos adoecimentos orgânicos.  Na busca por compreensão desses tipos de sofrimentos que fugiam à explicação médica, o médico austríaco Sigmund Freud desenvolveu a Psicanálise, enquanto campo teórico, técnico e metodológico. Desenvolvida a partir dos “Estudos sobre a Histeria” (1895) de Joseph Breuer e Sigmund Freud, a Psicanálise deve ser compreendida sobretudo como um fato cultural e social, originário do impasse encontrado pelas Ciências médicas modernas em lidar com formas de sofrimento que escapavam ao orgânico e que denunciavam a urgência da compreensão do funcionamento psíquico e da visão integral humana. No alvorecer do Século XX, Sigmund Freud inaugura a sua metapsicologia, um projeto científico em que reúne conhecimentos da Medicina, mas encontra na Sociologia, Filosofia, História, Literatura, e outros campos das Ciências Humanas, arcabouço para suas teorias e técnicas.

De lá para cá, a Psicanálise vem cada vez mais ganhando espaço entre as diversas áreas do conhecimento e os diversos modelos científicos, muitos dos quais, não só questionam o modelo moderno científico das ciências naturais do século XVII, mas expõem a ineficácia deste para o estudo e compreensão das subjetividades humanas. Conforme o Psicanalista e Doutor em Filosofia Renato Mezan, a psicanálise possui um corpo teórico amplo a ponto de torná-la um instrumento para o conhecimento do mundo - e não só da psique individual. Por suas características, é uma ciência humana: depende de fatores extracientíficos - sociais e culturais - para se constituir, ampliar-se e estabelecer trocas com as outras ciências.Neste sentido, o presente evento tem como objetivo promover um debate interdisciplinar entre profissionais das mais diversas áreas, como História, Sociologia, Psicologia, Ciências da Saúde, Educação Letras, Literatura, Antropologia, Direito, etc, Psicanalistas ou não, sobre as interfaces da Psicanálise com as diversas áreas das Ciências, no plural. O “II Colóquio Psicanálise, Sociedade e Cultura: a Psicanálise e as Ciências no século XXI”, ocorrerá nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2023 na Universidade Federal do Rio Grande e No instituto Távola de Formação e Pesquisa em Psicanálise.